Seria a Nova Indústria Brasil uma Nova Matriz Econômica?

A Nova Indústria Brasil, programa divulgado pelo governo Lula nessa Segunda-feira, 22 de Janeiro, causou uma espécie de medo e críticas no mercado em geral, por parecer com o antigo programa de Dilma, A Nova Matriz Econômica. Esse foi um programa que desencadeou diversos problemas nas contas públicas, e desencadeou em um dos grandes motivos para o Impeachment da Presidente. Mas o que foi o antigo programa, em que ele se assemelha no novo e o que esperar de tudo isso? Seria a Nova Indústria Brasil uma Nova Matriz Econômica?

Fonte: Agência Brasil 

Nova Matriz Econômica

Em 2011, a então Presidente Dilma Roussef liberou diversas medidas denominadas de Nova Matriz Econômica. Essas medidas visavam o aumento do gasto público para estimular nossa economia, principalmente em certas áreas que ela considerava estratégicas, incluindo o Setor de Indústria.

Para que isso acontecesse, ela ofereceu diversos financiamentos a taxas super baixas para atrair os grandes grupos empresariais. Esses grupos obtinham um crédito mais barato, que de certa forma investiam em certas iniciativas para se tornarem maiores. Caso desse certo, essas empresas se tornariam mais competitivas, gerariam mais empresas no Brasil, assim as pessoas passariam a ter mais renda, consumindo mais, fazendo a economia girar.

No entanto, no governo Dilma o Brasil reverteu o Superávit Primário na época do governo Lula para Déficit Primário. O Superávit fala sobre a diferença positiva entre o que se arrecada e o que se gasta, já o Déficit Primário é o contrário, com a diferença negativa sobre o que se arrecada e o que se gasta.

O governo Dilma começou a gastar mais do que podia arrecadar. Isso era amortizado com a emissão de mais dívida, em que o governo emitia essas dívidas com uma taxa Selic que chegou na época em 14,5% para que obtivesse mais recursos, e emprestasse para o mercado (no caso, empresas mais próximas do governo), por taxas bem mais baixas.

O resultado disso foi muito ruim, porque além de o governo estar se endividando mais, emprestando para alguns “amigos”, isso gerou uma série de alocação de capital muito ruim. O empresário vendo que conseguiria tomar empréstimos a custos bem mais baixos e investir em qualquer coisa que, para ele já sairia no lucro comparando com o que ele teria caso buscasse empréstimo no mercado tradicional.

Isso gerou um total desequilíbrio no tripé macroeconômico (equilíbrio nas metas de inflação, responsabilidade fiscal e equilíbrio no câmbio). No que esse processo se iguala com a Nova indústria Brasil?

Como será a Nova Indústria Brasil?

O projeto visa investir R$ 300 Bilhões de Reais em seis áreas prioritárias com diversos objetivos.

  • Cadeias Agroindustriais –> Mecanizar 70% dos estabelecimentos de Agricultura Familiar, sendo que atualmente 18% desses estabelecimentos estão mecanizados; 95% das máquinas deveriam vir da indústria nacional.
  • Saúde –> Ampliar a participação na produção nacional de 42% para 70% das necessidades do país em medicamentos, vacinas e equipamentos médicos.
  • Bem-estar nas cidades –> Reduzir em 20% o tempo de deslocamento das pessoas de casa para o trabalho; ampliar em 25% a participação na produção brasileira na cadeia de indústria do transporte público sustentável.
  • Transformação Digital –> Objetivo de digitalizar 90% das empresas industriais brasileiras e hoje são 23,5%; triplicar a participação nacional no setor de tecnologia.
  • Descarbonização –> Ampliar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes. Atualmente os combustíveis verdes representam 21,4%; reduzir em 30% a emissão de carbono na indústria nacional.
  • Defesa –> Alcançar a autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas, desenvolvendo a energia nuclear, sistemas de comunicação, de propulsão, e no desenvolvimento de veículos autônomos remotamente controlados.

 

E de onde virá esse dinheiro? R$ 250 Bilhões virão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e os outros R$ 50 Bilhões virão da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação. O grande benefício seria a taxa de Juros reduzida, que no momento pode ser precificada em uma TR+2%. A TR é aquela taxa de rendimento da poupança ajustado. Ela normalmente fica muito baixa, mas oscila. Pegando os 12 meses da TR ela ficou em 1,64%. Essa taxa ficaria abaixo de 4% comparado com a Selic.

Críticas em relação ao Projeto

Uma das grandes críticas é a potencial repetição de erros passados, especialmente porque não há dinheiro suficiente. O país pode se endividar, mesmo que seja de certa forma benéfico para a economia nacional no curto prazo. Além disso, essas medidas protecionistas e intervencionistas não estão atacando o real problema do setor de indústria nacional que é a falta crônica da produtividade. Na tabela abaixo, pode-se ver que a produtividade de 1995-2021 está em -0,2%, diferente do setor de agronegócio que ajuda a sustentar o PIB nacional.

 Produtividade no Brasil nos últimos anos. Fonte: FGV

O que acontecerá com essa implantação do projeto? Seria a Nova Indústria Brasil uma Nova Matriz Econômica? Teremos um crescimento sustentável? Dificilmente…

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Sara Olliveira

Economista

Olá! Como moderadora do Mundo Abundante, eu estarei trazendo publicações sobre finanças pessoais, análises na área de Economia e Finanças do Brasil e do mundo, além de trabalhar com o Mindset sobre o dinheiro, para que você possa alcançar a abundância em sua vida. 

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