Ao longo dos últimos anos, os 27 países que compõe a União Europeia se encontraram em uma jornada de desaceleração e potencial recessão assombrando o continente, especialmente no país mais importante, a Alemanha. Isso se deu por fatores bélicos, falta de preparação na malha energética, e por acompanhar o mercado dos Estados Unidos. Porém, o que esperar da economia da União Europeia em 2024?
Os países do bloco estão em franco trabalho para que a recuperação aconteça da melhor maneira possível, após um período incerto e caótico nos últimos dois anos, mas ainda é cedo para afirmar que o futuro próximo é promissor. Espera-se que o continente se sacrifique muito para que consiga uma recuperação de pelo menos 1% em 2024.
Como foi em 2023?
O ano de 2023 foi bem desafiador para o continente Europeu que, acompanhando os desafios nos Estados Unidos pós Covid, além de conflitos entre Rússia e Ucrânia com ameaças de fornecimento de energia, apresentou indícios de recessão. Essa dinâmica refletiu nos dados internos, especialmente na inflação. Ao longo de 2022 a inflação cresceu rapidamente, precisando ser desestimulada pelo aumento da taxa de juros que saiu de 0% aa em 2022 para 4,5% aa em Dezembro de 2023. A taxa de inflação respondeu prontamente a essa política monetária mais restritiva, terminando 2023 com um registro de 3,4% aa, o que é bem melhor do que o previsto para terminar o ano em 5,4% aa.
Já o PIB regional registrou 0% de crescimento no primeiro trimestre, 0,2% de crescimento no segundo semestre, e queda de -0,1% no terceiro semestre. O mercado ainda aguarda o resultado do quarto trimestre, que pode ser até positivo devido ao fim do ano com aquecimento de festas e aumento do turismo de natal, mas ainda assim é cedo afirmar como os resultados se comportarão.
Um dos motivos é devido ao índice PMI (Purchasing Manager’s Index) que mede as condições de mercado incluindo emprego, preços de vendas, atividades de compras, etc. Quando o PMI está acima de 50, isso quer dizer que é positivo para a atividade econômica, e abaixo de 50 é negativo. O PMI permaneceu por oito meses consecutivos em 2023 abaixo de 50, finalizando o ano em 44.3.
Em contrapartida, o setor de empregos parece estar se aquecendo vagarosamente à medida que existe uma potencial recuperação ou salvação contra recessão no continente. No primeiro trimestre de 2023, o setor registrou um aumento de 0,5%. Já no segundo semestre, registrou-se um aumento de 0,1%. No terceiro trimestre, o setor de empregos aumentou 0,3% em relação ao trimestre anterior. Como é esperado que durante as festas de fim de ano a empregabilidade aumente, então é possível que o quarto trimestre também seja positivo.
O que esperar para o futuro do bloco Europeu?
O Banco Central Europeu (BCE) esperava que a resposta da política monetária restritiva atingisse a Europa de maneira mais lenta. Mas a inflação surpreendeu por ser bem mais baixa, em 3,4% aa, do que o esperado, 5,4% aa. Por essa razão, a JP Morgan mencionou hoje, 19 de Janeiro, que ele espera que o BCE antecipe os cortes na taxa de juros para Junho, em vez de Setembro.
Porém, a JP se mantém um pouco cautelosa com essa previsão em que considera que as taxas de emprego e inflação podem desestabilizar a economia novamente, antes do FED alcançar o equilíbrio. Até porque, uma das preocupações atuais gira em torno dos conflitos no Oriente Médio e Mar Vermelho. Os containers da frota marítima comercial mundial estão sendo atacados pelo Iêmen.
O FMI espera que o PIB Europeu cresça 1,5% em 2024. Mas isso é considerando que os preços de gás e petróleo se mantenham estáveis assim como os conflitos que envolvem a região. Porém, outros analistas esperam que a pressão inflacionária do setor de energia continue forte. Consequentemente não se sabe se a economia será forte ou não para o ano.
Por essa razão precisamos aguardar os próximos movimentos do bloco Europeu. Mas pelo menos, dentro de um equilíbrio de movimentos externos, é possível termos uma recuperação do bloco para fora da ameaça de recessão.