Como saber se seu Assessor de Investimentos está te enganando?

Eu já trouxe aqui uma matéria sobre fundos de multimercado e como eles podem ser danosos para sua carteira de investimentos. Agora eu vou me aprofundar no esquema geral de corretoras de investimentos que oferecem serviços muitas vezes duvidosos para seus clientes, devido a comissões e taxações que fazem com que muitas vezes, em vez de ganhar, o cliente perde seu dinheiro. Por essa razão, como saber se seu Assessor de Investimentos está te enganando? É sobre isso que vamos tratar hoje.

Corretoras e Escritórios de Investimentos

Antigamente, para se fazer investimentos no Brasil, os Bancos tradicionais eram os intermediários mais conhecidos para esses serviços aos seus clientes. Os bancos normalmente oferecem uma cartela de opções como fundos de investimento que, muitas vezes cobram taxas de administração e de performance altíssimos comparados com o mercado. E, pela razão de que a maioria dos clientes não possuem a menor ideia do que se trata desses tipos de investimentos, acabam aderindo a essas propostas.

Agora temos as corretoras, grandes concorrentes desses bancos, que se propõem a administrar a carteira de investimentos de seus clientes oferecendo também serviços que são, no mínimo duvidosos para a saúde financeira da pessoa que contrata seus serviços. Os Assessores de Investimento que atuam nas corretoras atuam como se fossem os Gerentes de bancos, oferecendo esses serviços. Isso também acontece com os escritórios de investimentos que funcionam de maneira independente ou como gancho das corretoras captando clientes a partir dos assessores de investimento.

Sobre o Sistema de Cobranças

A princípio, os assessores deveriam vir com uma perspectiva de maior ética numa relação de ganha-ganha com o cliente. Porém, as trapaças financeiras sobre essas movimentações financeiras fizeram com que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mudasse as regras. A partir da resolução 178 e 179, regulamentados em 2023, os assessores de investimentos devem ser transparentes sobre as remunerações recebidas a partir dos produtos de investimento oferecido.

A maneira de cobrança sobre a gestão do patrimônio, baseado em comissões pelos produtos ainda é a mais comum do mercado porque beneficia fortemente o assessor e escritório. Porém, a modalidade do “fee based” em que o assessor ganha com base no percentual do seu patrimônio, normalmente cobrando entre 0,5-1%, está aumentando. Esse método faz com que o gestor queira realmente aumentar o patrimônio do cliente porque o verdadeiro ganha-ganha acontece, sem conflitos de interesse que beneficiaria apenas o assessor. Mas preste atenção porque ainda existem alguns escritórios que, além de utilizarem o “fee based” ainda cobram uma comissão extra no rebate de produtos oferecidos. Portanto, caso isso aconteça, o seu assessor de investimentos está te enganando.

3 Sinais que mostra que seu Assessor está se beneficiando de seu dinheiro

Em fevereiro deste ano, 2024, várias matérias foram publicadas  sobre um escândalo envolvendo a XP Investimentos em que diversos clientes estão processando a corretora por práticas financeiras abusivas. Eles acusam a corretora do uso indevido do dinheiro de seus clientes, em que além de cobrar uma taxa de corretagem exorbitante, ainda ofereciam produtos em que o cliente claramente perderia dinheiro. Alguns desses clientes perderam milhões de reais com essas práticas abusivas e decidiram denunciar a corretora na Polícia Federal.

Uma das acusações era de que a corretora oferecia investimentos que seriam feitos com proteção caso existissem perdas. Porém, a taxa de corretagem excedia o patrimônio de alguns desses clientes. Além disso, os clientes afirmam que os assessores mentiam sobre alguns investimentos, como usados no sistema de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) e alavancagem. Eles prometiam lucros exorbitantes e realizavam operações não autorizadas. No sistema de alavancagem, os clientes investiam com dinheiro que não possuíam com promessas de retornos altos. E como muitas pessoas ainda não possuem educação e conhecimento sobre investimentos, eles acabam sendo facilmente enganados.

“O professor de cursinhos Márcio Teixeira Damasceno afirma à Justiça que tinha um histórico “altamente conservador”, mas foi levado por um corretor da Avel, uma corretora credenciada da XP, a investir R$ 1 milhão em COEs.
Em um áudio anexado ao processo, o corretor diz que o investimento tinha longo histórico de lucros e chegava a dar de 14% a 16% de retorno além da inflação. Também disse que não há perda com o COE, mesmo que o investimento que desse lastro a ele não tivesse alto.” Fonte: Metrópoles

Vamos entender agora 3 sinais de que os assessores estão se aproveitando do seu patrimônio.

  1. Oferecimento de COEs (Certificados de Operações Estruturadas)

Se o seu assessor de investimentos está te enganando, ele oferece esse produto com muita frequência. Quase todos os COEs são produtos ruins, e os clientes são levados a acreditar que esses são bons produtos financeiros, e amarram o dinheiro do cliente por muito tempo. No sistema do COE, o corretor afirma que se o ativo (pode ser qualquer coisa como Bitcoin, ações etc.) subir, você ganha com isso e se o ativo cair, você não perde nada, supostamente sem se colocar em risco nessa situação.
Esse produto parece ser perfeito, porém a taxa de corretagem pode ser altíssima, em que o patrimônio fica comprometido.

Além disso, os COEs não consideram a taxa Selic nem a inflação. Eles apenas prendem o dinheiro do cliente, investe o dinheiro em diversos COEs, e ficam com a rentabilidade para os clientes, repassando pouco ou nada do lucro. O assessor ainda recebe comissão, por volta de 3-5% do dinheiro que você investe, numa perspectiva em que ele que possui o maior interesse no COE que você investe. Em vez desses COEs, procure investir em renda fixa, em títulos do Tesouro Selic ou CDBs. Esses são investimentos seguros e que você pode fazer por conta própria.

  1. Fundos com taxas altas

Às vezes você pode ver um investimento que parece ter uma boa rentabilidade, especialmente quando eles falam de Fundos de Multimercado. Porém, a taxa de performance e a taxa de administração são altíssimas e você acaba perdendo dinheiro. Normalmente esses fundos podem cobrar 1-3% de taxa de administração além de 20% do CDI da taxa de performance. Isso quer dizer que toda vez que seu investimento rende mais que a Selic, você deixa 20% nas mãos do seu gestor de fundo.

  1. Cuidado com a quantidade de giro da sua carteira feita pelo seu assessor.

Se toda semana ou todo mês o seu assessor diz que tem uma oportunidade de um novo fundo ou novo investimento, fazendo com que você movimente seu dinheiro sempre, saiba que a cada giro da carteira ele ganha com isso. Isso acontece a partir de uma taxa de corretagem de transações. Se o assessor faz essa oferta, ele ganha com a corretagem. Numa carteira automatizada, administrada, o percentual do patrimônio pode diminuir com essas movimentações devido às taxas de corretagem.

Conclusão

Caso você queira deixar seu dinheiro com escritórios de investimentos, sempre procure por escritórios que ofereçam a proposta do “fee based”. Nunca trabalhe com escritórios com base em comissões. Nunca faça nada relacionado com esses sinais colocados acima e sempre estude sobre investimentos financeiros. Tanto investimentos de renda fixa como de renda variável podem ser muito benéficos para você.

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Sara Olliveira

Economista

Olá! Como moderadora do Mundo Abundante, eu estarei trazendo publicações sobre finanças pessoais, análises na área de Economia e Finanças do Brasil e do mundo, além de trabalhar com o Mindset sobre o dinheiro, para que você possa alcançar a abundância em sua vida. 

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